Lana Del Rey estará na capa da T Magazine, revista especial de entretenimento do New York Times. Confira o photoshoot, feito por Terry Richardson, clicando nas miniaturas abaixo:
Na entrevista que concedeu à publicação, ela revela que foi rejeitada por gravadoras por ter uma sonoridade diferente de estrelas como Ke$ha. Confira:
Curvilínea e bonita em seu vestido, ela tem muitas músicas cativantes, todas um pouquinho retrô, irônicas e modernas. Sem sair muito do gênero pop, ela é o antídoto perfeito à overdose de Rihanna e Gaga – podemos ousar dizer que ela é uma Adele mais magra, uma Amy Winehouse mais estável? Desde que postou “Video Games” no You Tube, no verão passado, ela conseguiu dezenas de milhões de visualizações, esgotou ingressos para shows e agora, finalmente, lançou seu tão esperado álbum, que está em #2 no Billboard 200 e em #1 no Reino Unido, Alemanha, Irlanda, Suíça e Áustria. Se você pudesse fabricar uma estrela para esse momento, você a fabricaria. Algumas pessoas acreditam que foi exatamente isso que aconteceu.No estúdio de seu produtor em Chelsea, vestindo jeans e um suéter grande demais para ela, fumando Pall Mall Blues e carregando um livro brochura antigo na bolsa, Lana Del Rey nega os rumores de que seu pai comprou seu sucesso, que fez cirurgias plásticas e que é um produto das indústria, as acusações à ela que circulam pela internet. É absurdo ou talvez seja um elogio, mas, apesar de suas risadas e sorrisos, machuca.“Quero dizer, conheci todas as pessoas importantes da indústria da música nos últimos seis meses e não consegui um contrato,” ela diz. “O que me falavam era o seguinte: eu tocava minhas músicas, explicava o que queria fazer, e ouvia ‘Sabe quem está em #1 em 13 países no momento? Ke$ha.’”Existe uma fórmula para a música pop e uma receita para se tocar no rádio. Nada que Del Rey escreveu se encaixa em nenhuma dessas categorias. “Video Games é uma balada de quatro minutos e meio,” ela diz. “Sem instrumentos. Ela é obscura, pessoal, arriscada, não comercial. Não era pop até estar no rádio.” E nem “Born to Die” – seu primeiro grande vídeo – era, com seu refrão duplo, descrito a ela como “só outra música monótona e depressiva.”Por uma hora, Del Rey e seu produtor Emile Haynie tocaram músicas do álbum. Ela mostra características do jazz, letras peculiares e melodias favoritas. Às vezes ela canta; às vezes levanta e dança. A última música que eles nos mostram é “National Anthem”: Red, white, blue’s in the skies / Summer’s in the air and /Baby, heaven’s in your eyes /I’m your National Anthem / I sing the National Anthem / While I’m standing /Over your body / Money is the anthem / God you’re so handsome”. Talvez não seja sua letra mais complexa, mas ela soa emblemática. Assim como ela parecia no vídeo de “Born to Die” (no qual ela se embrulha em uma bandeira americana); ela relaciona sua sexualidade ao hino nacional. E ela compara amor ao sucesso material. É como uma piscadela ao ouvinte. A geração twitter ama uma piscada. E há semelhanças com a música “Party in the USA”, da Miley Cyrus. Você pode dançar ambas sozinho, em seu quarto, cantá-las em seu conversível ou (o que pode surpreender os produtores da Disney de Cyrus) dançar em uma rave ilegal. Enquanto que a música de Cyrus é uma produção do pop que acaba soando legal, a faixa de Del Rey tem temática obscura e é desestruturada musical, e acaba tendo um apelo pop.Eu explico minha teoria para Del Rey, ela concorda, canta um pouquinho de “Party in the USA” e pensa no assunto por um momento. “Eu realmente gosto desse refrão,” ela diz. “Eu amo melodias interessantes.”Haynie é mais direto. “Essa é a beleza do negócio,” ele diz. “É parte da magia. Ela é super legal. As músicas são legais, sonoramente e esteticamente. Mas é tipo ‘Espere um minuto, isso pode tocar no mundo todo.’ Ela começou no underground, pequena, mas algumas dessas faixas são ‘Uau.’ Quero dizer, foi o que eu ouvi quando as escutei. É legal, é obscuro, mas eu pensei, isso pode ser grande, sabe?”Nos encaminhamos a um restaurante italiano na 10ª avenida, que seu empresário escolheu. Parece brega. “Você quer pegar um café e sentar numa dessas escadas da rua? Não está muito frio?” ela pergunta. Eu aceito, apesar de estar frio mesmo.Na pizzaria, ela pede um café grande sem açúcar, com muito leite. O atendente vê o livro antigo em sua bolsa, e isso começa uma conversa sobre filmes dos anos 50 e Elizabeth Taylor como Cleópatra entre eles.Ele pergunta “Vocês são um casal?” olha para mim e diz “Hoje é seu dia de sorte. Queria ser sortudo como você.”A suposição não o impede de flertar com Del Rey. “Copo grande para você,” ele diz, entregando o café a ela. “E um beijinho para mim.”Del Rey ri e manda: “É claro. Só um beijinho. Onde você quer?”Não houve beijo, mas o assunto “boca de Del Rey” é inevitável. Então, sentados numa escada da 25th Street, eu mando a pergunta. “Tudo bem,” ela diz. “Eles são lábios reais, quero dizer… pessoalmente, meus lábios não parecem tão grandes. Acho que eu deixei meu visual muito cartunesco no vídeo de Video Games, e ficou exagerado.”Se o vídeo tem culpa de ter lançado o rumor, também tem culpa de tê-la lançado. O que ele não conseguiu foi um contrato com uma gravadora. Não até que Fearne Cotton, um DJ da BBC, encontrasse a música e tocasse ela em junho do ano passado. De repente, o mundo acordou.“Fui atingido pela maravilhosa combinação do material de arrepiar de seu vídeo, com sua voz assombrosa e a simplicidade da canção,” Cotton disse, por email. “Eu assisti cinco, seis vezes seguidas e meio que me viciei. A letra começou a se gravar na minha cabeça e se tornou a minha música do verão passado. Eu esperava por uma música assim.”A experiência dela é típica. Mas se apaixonar por um vídeo ou por uma música pode acabar levando você a se decepcionar com as performances ao vivo. Se vocês espera que ela aja com Nicki Minaj, ficará desapontado. A aparição dela em janeiro no SNL foi amplamente criticada. Ela me contou sobre sua ansiedade antes da apresentação: “Não sou uma performer de nascença. Eu amo escrever e tocar músicas, mas, no palco, não é bem assim. Eu sempre digo a mim mesma ‘não estraga tudo, não estraga.’”Del Rey vem de uma cidade pequena. Ela cresceu como Elizabeth Grant em Lake Placid, N.Y., nem rica, nem pobre. Ela se lembra de se perguntar questões sobre o significado da vida quando era pequena, e se ela era de alguma forma especial. Então, no Ensino Médio, teve aulas de filosofia e descobriu que era como todo mundo. Cursando Filosofia na Fordham University, ela começou a fazer shows em Williamsburg, no Brooklyn, e em East Village. Aos 19 anos, uma gravadora pequena assinou um contrato com ela, como Lizzy Grant, de dez mil dólares. “Foi incrível. Consegui meu próprio lugar para morar. Vivi com esse dinheiro, terminei a escola. Naquela época, eu planejava fazer uma pequena turnê em pequenos clubes, continuar meus estudos em Filosofia e continuar fazendo trabalho voluntário,” ela me conta. “São os mesmos planos que tenho hoje em dia. Tenho uma vida de verdade aqui. Tenho uma grande família. Sabe, precisam de mim aqui.”Quem precisa? Ela diz “família”, o que faz sentido, levando em conta o contexto obscuro e psicossexual de muitas de suas músicas.E quando se trata de amor e perda, o outro assunto sobre o qual fala nas músicas? “Me senti de uma mesma forma por muito tempo, então encontrei alguém por quem me apaixonei. Eu não sabia como podia me sentir diferente. Naquela época, estar com ele se tornou… um lugar para o qual fugir, em minha memória.”E o fim do relacionamento? “Bem, o fim é uma parte do relacionamento. Na confusão da perda, você tenta continuar olhando para a luz e não se desmanchar toda, nem fazer coisas que te prejudiquem.”Ela fica quieta e olha para o relógio. Está ficando tarde. Ela diz que não tem nenhum encontro importante com ninguém da indústria da música, como o empresário havia me dito, mas sim que precisa cuidar do filho de uma amiga.Antes de ir, pergunto onde ela mora. Ela está procurando um lugar para comprar, mas, no momento, está em Williamsburg. “Eu moro com meu ex-namorado,” ela diz sem pensar, e então começa a rir nervosamente. “Durmo no sofá dele.”Eu lanço a ela um olhar do tipo “Você estava aqui me falando sobre se apaixonar e depois romper o relacionamento e dorme no sofá do seu ex?”Ela dá outra risada envergonhada. “Não, estou muito ocupada!”
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