É muito estranho ver todo esse interesse na Lizzy?
Bem, não se você já está acostumado à indústria do entretenimento. Deixe-me colocar dessa forma: sempre acreditei que ela tinha potencial para ser uma artista de destaque; foi por isso que assinamos com ela, em primeiro lugar. E não podemos saber quando as condições certas vão dar certo juntas para isso acontecer.
Quando assinaram com ela?
Foi em 2007. Ela estava no último ano da faculdade. Nossos planos eram organizar tudo e ter um álbum gravado antes que ela começasse uma turnê depois de sua formatura. Como muitos artistas, ela mudou. Quando chegou até nós, ela tocava um violãozinho, tinha cabelos loiros e era uma jovem fofa. Um pouco obscura, mas muito inteligente. Ouvimos isso. Mas ela se desenvolveu muito rápido. Há muita informação absurdamente errada sobre ela circulando.
Ah, é?
É uma lição para mim. Ninguém nem checa os fatos. Por exemplo, o pai dela nunca teve nada a ver com apoiar financeiramente a carreira dela. Não sei se ele emprestava dinheiro para que ela morasse longe, mas, quando estava com a gente, não houve um centavo. Não sei se ele é rico ou não; o conheci e ele parecia um cara normal. Mas toda essas fofocas de aquela ela está sendo financiada por um pai milionário são uma grande merda. Alguns fatos sobre o álbum que ela fez conosco estão completamente distorcidos.
O que aconteceu? Ela foi até vocês ou vocês descobriram ela?
Tinha um cara, Van Wilson, que era A&R da gravadora. Ele encontrou ela em uma competição de compositores no Brooklyn. Acho que ela não venceu, mas ganhou um prêmio. Ele achou que ela era boa e se esforçou para trabalhar com ela, assim como eu. Nós queríamos desenvolvê-la, então assinamos um contrato para vários álbuns. Então fomos procurar produtores e várias pessoas interessantes se interessaram nela, porque ela era incomum naquela época. David Kahne (Paul McCartney, Regina Spektor, the Strokes) foi um dos que nos respondeu mais rapidamente. Ela e eu nos encontramos com ele e eles pareceram se acertar. Ela era ambiciosa e gostava do fato de ele ser um produtor reconhecido. Demos um contrato a ele para que fizesse o álbum, que é outra coisa. Eles disseram que o orçamento foi 10 mil dólares, o que é falso. Vocês leram isso?
Li sim. Foi mais? Menos?
Foi muito mais. Um total de 50 mil dólares. E também demos um pagamos antecipado a ela. Então não sei porque… não tenho certeza sobre quem está falando essas coisas; parece que as pessoas estão se apegando a fatos soltos, mas ninguém checa nada com ninguém.
Você ainda tem os direitos autorais das gravações?
O que aconteceu foi que nós lançamos um EP sob o nome de Lizzy Grant. Ela ganhou certa notoriedade por causa dele. Um cara da Apple, que trabalha com novidades, amou. Então tínhamos o EP como uma promessa dos artistas revelação do iTunes naquele ano. Foi algo muito positivo. Quando começamos a nos focar no álbum, as coisas mudaram. Ela queria mudar o nome, arranjou um novo empresário, e eles queriam mudar o álbum. Muitas coisas que aconteceram acabaram dificultando o entendimento de qual seria a imagem que ela passaria, o que ela iria fazer para promover e ela claramente não parecia animada quanto a isso tudo. O empresário chegou e falou mal do disco, e eu pensei “Uau, somos uma gravadora independente, conseguimos David Kahne para produzí-lo e você fala mal dele.” Nos trabalhamos duro nele, foi muito trabalho mesmo. Ele se esforçou para que os vocais chegassem onde ele queria. Foi como todos os projetos: houve um certo atrito entre a artista e o produtor. Eu intervi algumas vezes para selar a paz. Sempre perguntei à Lizzy se ela concordava com as coisas, se ela queria mesmo fazer aquilo. E ela fez. Então, durante todo o tempo, eu disse a ela a que caminho seguir, com o nome, mas ela tomou certas decisões. É por isso que eu rio muito quando alguém diz que alguém moldou a imagem dela. Não tem como fazer isso com ela. Ela é cabeça dura e sabe o que quer. Isso é um erro, também. Ela quis ser conhecida como Lana Del Rey desde cedo. Esse era seu nome, ela inventou, eu achava meio ruim [Risos]. Ela era uma linda compositora jovem chamada Lizzy Grant, era um bom nome. Mas ela queria criar esse negócio de Lana Del Rey. Nós lançamos o álbum digitalmente e, inicialmente, ela queria R-A-Y e nós fizemos desse jeito, mas depois ela quis mudar para R-E-Y, então esse foi o terceiro nome que usamos para promover a mesma artista. Pouco tempo depois disso, ela e seu novo empresário apareceram e disseram “Queremos tirar o álbum do mercado. Vamos assinar um novo contrato. Vocês compram os direitos de volta.” Então fizemos um acordo de separação.
Então é por isso que ele nunca foi lançado?
Eles insistiram. Está no contrato. Não podemos ter nenhuma referência a ele em nenhum lugar. Eles ficaram de olho isso “Oh, tem um site desconhecido na Mongolia que ainda fala do álbum, vocês podem pedir para eles retirarem.” E nós fizemos. Tiramos do iTunes e nunca o lançamos como CD físico. Quando li que ele foi engavetado… isso beira a calúnia. É incômodo.
Como eram os lançamentos dela?
O primeiro foi o EP chamado Kill Kill, sob o nome de Lizzy Grant. É uma de suas músicas – uma muito boa, por sinal. O EP tinha três músicas. Ele foi colocado no iTunes em 21 de outubro de 2008. Foi nossa tentativa de criar um buzz e começa a trabalhar com ela ao vivo. Íamos demorar um tempo para lançar o álbum completo. Ele foi bem aceito pelo iTunes. Houve um certo buzz. Um pouco mais que um ano depois – 5 de janeiro de 2010 – nós lançamos o álbum digitalmente no iTunes. Ele se chamava Lizzy Grant a.k.a. Lana Del Ray. Nesse momento, o nome se escrevia “R-A-Y.” Quero enfatizar que até a grafia é dela. Ela tentava descobrir quem era. Depois disso, ela mudou de ideia novamente e decidiu “R-E-Y”. Nós fizemos alguns CDs com “R-E-Y”. A razão pela qual fizemos isso foi que as pessoas sabiam quem ela era e tentavam associar isso. A pedido dela, assinamos um novo acordo em 1º de abril – três meses mais tarde – no qual ela pedia para nós engavetarmos o disco. Nós tiramos o álbum das lojas a pedido dela.
Houve venda de CDs físicos?
Apenas para vender em shows como item promocional para as pessoas. O CD físico não foi lançado. Nós investimos muito dinheiro em performance ao vivo, marketing, promoções. Diria que gastamos… 50 mil do orçamento, o pagamento antecipado a ela, e você pode dobrar isso. Qualquer um que diga que não houve investimento está mentindo.
Você recuperou esse dinheiro?
Temos um contrato com ela. Não somos donos nem controlamos, mas temos uma parte do disco antigo. E temos uma participação nos discos novos. É assim que se faz essas coisas.
Qual parcela dos novos discos?
Nós teremos uma participação nos lucros dos dois primeiros discos que ela lançar, foi a condição para a quebra do contrato. E ainda temos uma grande participação caso ela faça algo com o disco antigo. Espero que ela lance. É um ótimo álbum. Para esclarecer as coisas sobre Lana. Ou Lizzy, ou de qualquer outra forma que você queira chamar essa história. Ela é uma ótima artista. Me sinto mal por saber que ela está sendo alvo de críticas por causa dessa história toda. Acho que ela é uma dessas artistas que só aparecem um a cada década.
Você estava animado.
Estava. Ela era muito original. Não a via como as outras garotas indie. Ela também é uma pessoa muito inteligente e criativa. Ela andava de metrô à noite para compor e coisas do tipo. Quando estava treinando ela, eu dizia “Essa é uma pessoa que é Marylin Monroe por fora e Leonard Cohen por dentro.” É assim que eu a via. As pessoas dizerem que ela fabricou isso é errado. Ela provavelmente vai continuar evoluindo dessa maneira, provavelmente ela não precisou de muito tempo para isso, e agora ela tem a atenção do público. Como uma artista, a apoio muito.
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